Sobre o Povoado de Uruaçu
São Gonçalo do Amarante
O local exato do segundo massacre de colonos no Rio Grande do Norte, o antigo porto de Uruaçu, ainda é uma incognita e motivo de controvérsias entre pesquisadores e historiadores. A dificuldade está no fato de que Uruaçu não tinha propriamente um local de moradia, como em Cunhaú. Era apenas um porto às margens do rio Potengi-Jundiaí, para quem ia ao engenho Potengi. Aponta-se que o lugar do morticínio ficava a aproximadamente 1 km de distância do povoado e era denominado “Tinguijada”, área onde hoje abriga o Monumento dos Mártires de Uruaçu.
Tempos depois do massacre foi originado no local o povoado atual.
Sobre o Massacre de Uruaçu
Depois do massacre em Cunhaú alguns moradores influentes, liderados pelo padre Ambrósio Francisco Ferro, pediram abrigo no Castelo de Keulen. Os que não foram ao Castelo construíram uma paliçada para proteger a localidade conhecida como Potengi. O número de moradores refugiados na paliçada é incerto. Para os cronistas portuguese eram 70 homens, mas documentos holandeses citam 232 pessoas.
As notícias de que uma marcha de índios, tapuias e potiguares, liderados por Jacob Rabbi se aproximavam, aumentava o terror dos colonos, que juntaram armas e mantimentos para resistirem a um possível ataque e cerco dos índios e holandeses. "Espantados com o que aconteceu em Cunhaú alguns colonos "refugiaram-se nas margens do Rio Potengi, três léguas de Natal, erguendo uma defesa murada de madeira rústica" (Cascudo: 1955, p.83)
Cruzeiro no Santuário dos Mártires
É provável que o próprio conselho holandês quem determinou o ataque ao Arraial do Potengi, para eliminar a resistência e evitar que um levante chegasse ao Rio Grande do Norte. Alguns cronistas atribuem à vontade pessoal de Jacob Rabbi a ordem do ataque ao Arraial. Pesquisas em documentos holandeses e portugueses mostram que o cerco a paliçada do Potengi durou 16 dias. Foi iniciada em setembro pelo grupo de Jacob Rabbi e, depois, contou com reforços enviados pelo Castelo de Keulen, incluindo duas peças de artilharia. O bombardeio forçou a rendição dos luso-brasileiros.
Cruzeiro no Santuário dos Mártires
É provável que o próprio conselho holandês quem determinou o ataque ao Arraial do Potengi, para eliminar a resistência e evitar que um levante chegasse ao Rio Grande do Norte. Alguns cronistas atribuem à vontade pessoal de Jacob Rabbi a ordem do ataque ao Arraial. Pesquisas em documentos holandeses e portugueses mostram que o cerco a paliçada do Potengi durou 16 dias. Foi iniciada em setembro pelo grupo de Jacob Rabbi e, depois, contou com reforços enviados pelo Castelo de Keulen, incluindo duas peças de artilharia. O bombardeio forçou a rendição dos luso-brasileiros.
Ocupada a paliçada do Potengi, os holandeses levaram cinco reféns para o Castelo de Keulen. Os demais colonos ficaram confinados na paliçada. No dia 2 de outubro uma lancha chegou ao castelo, com uma ordem do conselho holandês para executar os principais líderes dos colonos, desestimulando a revolta em terras do Rio Grande.
Não há comprovação dessa ordem, mas o fato é que no dia seguinte - 03 de outubro foram levados para Uruaçu: Antônio Vilela, Cid, seu filho, Antônio Vilela Júnior, João Lostau Navarro, Francisco de Bastos, José do Porto, Diogo Pereira, Estevão Machado de Miranda, Francisco Mendes Pereira, Vicente de Souza Pereira, João da Silveira, Simão Correia e o padre Ambrósio Francisco Ferro, que exercia as funções de vigário de Natal.- foram todos executados.
À morte deles, segue-se a chacina dos que estavam refugiados em Potengi, depois de terem sido retirados da paliçada e levados para o mesmo porto.
À morte deles, segue-se a chacina dos que estavam refugiados em Potengi, depois de terem sido retirados da paliçada e levados para o mesmo porto.
As atrocidades dessa chacina foi narrada por diversos cronistas da época. Exemplo disso é a carta de Lopo Curaro Garro de 1645. Segue trecho da carta, transcrito com adaptações ortográfica:
"Em particular aviso a Vossas Senhorias do memorável sucesso do Rio Grande, depois de duas matanças que fizeram os tiranos Flamengos, acompanhados de bárbaros Tapuias e Potiguares e nesta derradeira ( a de Uruaçu) certo que é incrível a tirania, no qual servirá de exemplo(...) memória que haverá enquanto durar o dito; pois o sangue derramado de tantos inocentes clama aos Céus justiça e aos príncipes da terra favor, a tornar vingança de tais tiranos (...) Lançaram os prisioneiros fora do porto do dito rio, chamado Uruaçu (...)na qual achavam (...) duzentos brasilianos bem armados com Antônio Paraupaba escaramuçando em um cavalo, e tanto que estiveram em terra, os Flamengos despiram nus aos ditos moradores, e os mandaram por de joelhos ( o que eles receberam com muita paciência, e os olhos em Deus ) e logo nos corpos desses mártires, tais mutilações, que são incríveis; e não contentes com elas, os ditos Flamengos os ajudaram a matar, assim arrancando os olhos a uns, e tirando as línguas a outros, e cortando as partes vergonhosas, e metendo-lhas nas bocas (...)"
Santuário do Mártires em Uruaçu
Comemoração Dia dos mártires
Santuário de Uruaçu
O Fim de Jacob Rabbi
Cena do Filme " A nova Amsterdã"
Uma carreira marcada pelo ódio
Jacob Rabbi chegou ao Brasil junto com o conde João Maurício de Nassau-Siegen, em 23 de janeiro de 1637, desembarcnado no Recife. Em território brasileiro, a missão do alemão era de intérprete junto aos indios aliados, no meio dos quais passou a viver. Casou com uma índia janduí-a Domingas e adotou alguns dos costumes indígenas. No comando das tropas de janduís e potiguares, e de aventureiros foi responsável por massacres e saques a engenhos entre nas capitanias do Rio Grande, Paraíba e Pernambuco.
Por conta da morte de João Lostau Navarro, em Uruaçu, Rabbi foi morto em emboscada na noite de 4 de abril de 1646. As investigações apontaram como mandante do crime o tenente-coronel Joris Garstman, genro de João Lostau. Garstman chegou a ser punido e enviado de volta à Holanda, mas acabou anistiado e voltou ao Brasil, permancendo até 1654.
Fontes:
História do Rio Grande do Norte - Luiz da Câmara Cascudo - 1984 -Ministério da Educação e Cultura-RJ
Diário do Rio Grande do Norte - Projeto Ler do Diário de Natal- 1999
História da Fortaleza da Barra do Rio Grande - Conselho Federal de Cultura/RJ
História do RN Colonial - Luiz Eduardo Brandão Mariz e Marlene Silva -Editora Natal-1997-Natal /RN
Jornal Tribuna do Norte-Natal/RN - História do RN Fascículo 4 - Os Massacres no Rio Grande do Norte
Fotos:
Imagens Google
Imagens do Site da Prefeitura de São Gonçalo do Amarante
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