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Barra de Punaú - por Arilza Soares

terça-feira, 13 de setembro de 2011

NATAL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL -PARTE II AMERICANOS EM NATAL




O grande contingente de soldados americanos em Natal, alterou profundamente os hábitos da cidade, principalmente no que diz respeito a população feminina. As moças passaram a agir com mais autonomia, incorporando modos e  modismos americanos, costumes muito ousados para a época; assim começaram a fumar cigarros (a marca Chesterfield era a preferida), a beber "Cube Libre" (mistura de rum com coca-cola) a mascar Chicletes e a frequentar bailes no mais completo estilo americano.






A feição da cidade mudou, deixando-a com ares "americanizados". Seus habitantes que até então levavam uma vida modesta e tranquila, passaram a conviver com a passagem pela cidade de pessoas de outras nacionalidades, como o Arcebispo de Nova York, o Príncipe da Holanda, o Presidente do Paraguai, o Embaixador do Reino Unido,o Ministro das Relações Exteriores da China, Anna Eleonor Roosevelt, primeira-dama dos EUA, os atores Humphrey Bogart, Clark Gable, o músico Glenn Miller, o cantor Al Johnson, entre outras Personalidades.




Sem título
                 Grande Hotel- principal ponto de hospedagem da cidade                                    


A influência norte-americana se fez sentir também na linguagem, com a introdução de algumas palavras e expressões inglesas: "change money", "drink beer", "give me a cigarrette", "blackout" etc, passou a fazer parte do vocabulário popular da cidade.
A população de Natal foi a primeira a consumir Coca-Cola na América do Sul, em 1942, quando da chegada das tropas aliadas. Neste contexto, a Coca-Cola, em um primeiro momento trazida pelos próprios soldados e posteriormente, produzida em pequenas fábricas móveis que passaram a acompanhar as tropas. Na época,a política adotada pela empresa em relação à Segunda Guerra Mundial era de apoiar seus combatentes, oferecendo seus produtos onde quer que estejam, sendo comercializada, a um preço de cinco centavos de dólar o copo.   

                          




Com a  A finalidade de promover uma maior integração dos militares norte-americanos com a população natalense, surgiram associações recreativas e, tanto o Aéro Clube como o Clube Hípico, foram alugados para a realização de bailes. Houve, por causa disso, uma invasão de ritmos estrangeiros: "rumba", "conga", "bolero". Na base de Parnamirim, no sábado, os bailes eram realizados só para os americanos, mas no domingo era para todos- For All. Há quem atribua que vem daí a origem da palavra  forró, um dos nossos ritmos mais famosos. Essa tese é contestada pelo historiador Câmara Cascudo. Segundo ele, a versão mais verossímil é a de que "forró é derivado do termo africano, forrobodó e era uma festa transformada em gênero musical pelo fascínio que exercia sobre as pessoas". Da Praça Augusto Severo, na Ribeira, saía o ônibus que transportava as meninas para as festas na base americana de Parnamirim. O ônibus era chamado pejorativamente   de  "marmita".




                                           Baile em  Parnamirim Field - Far All


                     FOR ALL - TRAMPOLIM DA VITÓRIA



O filme For All, Trampolim da Vitória de 1997, dirigido por Luiz Carlos Lacerda e Buza Ferraz, com José Wilker e Betty Faria, retrata o impacto causado pela chegada dos americanos em Natal, na Segunda Guerra Mundial. A base Aérea,  cenário do filme, localiza-se num terreno de mais de 50km de extensão, com 60 prédios, galpões, parque de manutenção de aeronaves, quatro pistas de pouso e decolagem. Essa base, tão importante para a nossa história, guarda algumas construções e aeronaves preservadas,do tempo da Segunda Guerra.





Vídeo Produzido pela Fundação Rampa



                                                     Americanos em Natal



Fontes:
CASCUDO, Luís da Câmara. História da cidade do Natal. Natal: Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, 1999.
Flávia de Sá Pedreira. Chiclete eu misturo com banana: Carnaval e cotidiano de guerra em Natal (1920-1945), Natal: Editora da UFRN, 2005
 Fotos: 
                 Fundação Rampa
                 Imagens  Google


Vídeo:
            Enviado ao You Tube por adorn2003 em 17/12/2009







3 comentários:

  1. Arilza, sensacional a sua visão de documentar essa fase da história de nosso país, que para muitos é totalmente desconhecida. Quando morei em Fernando de Noronha, vi o que os americanos fizeram por lá em termos de montagem de infraestrutura, e tive oportunidade de dormir em bangalôs que, mesmo no calor tropical, pareciam refrigerados por condicionadores de ar, porque foram construidos obedecendo o melhor aproveitamento do regime de ventos da ilha. Entre tantas outras coisas. Mas ficou uma coisa que talvez voce possa esclarecer. O avô de um grande amigo meu, engenheiro, ajudou a montar o complexo de aviação aí em Natal. Segundo histórias que ouvi, alguns aeródromos foram construidos dentro de montanhas, como proteção a ataques aéreos eventuais. Você tem notícia disso? Pode ser verdade mesmo? Parabéns pela documentação e pelo artigo

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    1. Caro Nelson : morei em Noronha em 1973 - Exercito - os alojamentos que você fala são remanescentes da Base de Rastramento de Teleguiados Americana - Autorizada no governo Juscelino, entre 1957 e 1962.

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  2. Não tenho conhecimento de onde possam ser essas montanhas em Natal.Infelizmente Nelson existe pouquíssima coisa documentada sobre esse período.A Fundação Rampa ligado a Aeronaútica está juntando o que pode para fazer um Museu o que já é um avanço.Agora qdo voltar a natal vou ver se consigo me aprofundar mais no assunto que é realmente apaixonante.
    Obrigada pelo comentário.Vc só acrescenta. Bjos

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