A pequena porta pintada de vermelho com a tinta já descascada e um letreiro anunciando -"Sebo Vermelho", não chama a atenção de quem circula pela avenida Rio Branco, naquele trecho da cidade. Lá dentro um amontoado de livros empoeirados em meio a móveis e pilhas de papel. Mas o que chama mesmo a atenção de quem procura o sebo mais famoso da cidade é a figura amável de Abimael Silva o idealizador daquele espaço. Sentado em uma cadeira de madeira do tipo espreguiçadeira colocada bem a entrada da loja, ao lado uma antiga máquina de escrever em cima um banquinho, e quase sempre acompanhado de um copo de cerveja, Abimael trabalha sério, absorto em seus apontamentos. Para quem não conhece o Sebo Vermelho, só ao entrar se percebe que é um sebo diferente, não só pelos tipos de livros lá encontrados mas pela forma como você é recebido ao se dirigir ao vendedor, no caso o próprio Ismael Silva.Como editor de centenas de livros, ele conhece e fala com desenvoltura sobre qualquer um deles. Ir ao Sebo Vermelho e bater um papo com Ismael é ter a melhor aula sobre a literatura do Rio Grande do Norte.
O Sebo Vermelho surgiu em 1985 quando aos 21 anos, Abimael Silva resolveu abrir um sebo de livros e discos após deixar a instituição bancária, onde trabalhava.Para começar. colocou os livros de sua biblioteca particular para serem vendidos. Na época tinha mais de 700 livros e 600 foram colocados à venda. No início vendia mais discos, mas livros também vendia bem, tanto que costumava viajar para Recife,e comprar livros com preço defasado para vender no sebo. Atualmente o sebo vende apenas livros e conta com um acervo de aproximadamente 30.000 volumes. Desse total uns 10.000 são de autores Norte Rio- Grandenses.
O nome Sebo Vermelho foi escolhido de forma quase circunstancial. É o próprio Abimael quem explica: "Tinha que ter um nome. Funcionava em uma cigarreira na Vigário Bartolomeu, quase em frente ao Banco do Nordeste, próximo à praça Padre João Maria. Natal tinha cigarreira amarela, azul, verde , branca... Só não tinha preto e vermelho. Se pintasse de preto, não daria certo por causa do calor. Resolvi pintar de vermelho, que é vida, sangue, energia e é a cor do amor. Até o dia que alguém chegou e perguntou: aqui é o sebo vermelho? O nome acabou ficando".
O EDITOR
A partir de 1990, Abimael passa a editar livros e tem empreendido um dos maiores e mais significativos esforços que já se fez pela literatura potiguar. Foi Écran Natalense, de Anchieta Fernandes, que trata de cinema em Natal, seu primeiro livro publicado "Anchieta não encontrava espaço para publicar esse brilhante ensaio.Decidi procurar Varela Cavalcanti, então presidente dos Bancários, que sabia da importância da obra.Comprei todo material e ele topou fazer a impressão.Imprimimos 300 exemplares e felizmente conseguimos vender todos" conta Abimael.
O SEBISTA
O Sebo Vermelho surgiu em 1985 quando aos 21 anos, Abimael Silva resolveu abrir um sebo de livros e discos após deixar a instituição bancária, onde trabalhava.Para começar. colocou os livros de sua biblioteca particular para serem vendidos. Na época tinha mais de 700 livros e 600 foram colocados à venda. No início vendia mais discos, mas livros também vendia bem, tanto que costumava viajar para Recife,e comprar livros com preço defasado para vender no sebo. Atualmente o sebo vende apenas livros e conta com um acervo de aproximadamente 30.000 volumes. Desse total uns 10.000 são de autores Norte Rio- Grandenses.
O nome Sebo Vermelho foi escolhido de forma quase circunstancial. É o próprio Abimael quem explica: "Tinha que ter um nome. Funcionava em uma cigarreira na Vigário Bartolomeu, quase em frente ao Banco do Nordeste, próximo à praça Padre João Maria. Natal tinha cigarreira amarela, azul, verde , branca... Só não tinha preto e vermelho. Se pintasse de preto, não daria certo por causa do calor. Resolvi pintar de vermelho, que é vida, sangue, energia e é a cor do amor. Até o dia que alguém chegou e perguntou: aqui é o sebo vermelho? O nome acabou ficando".
A partir de 1990, Abimael passa a editar livros e tem empreendido um dos maiores e mais significativos esforços que já se fez pela literatura potiguar. Foi Écran Natalense, de Anchieta Fernandes, que trata de cinema em Natal, seu primeiro livro publicado "Anchieta não encontrava espaço para publicar esse brilhante ensaio.Decidi procurar Varela Cavalcanti, então presidente dos Bancários, que sabia da importância da obra.Comprei todo material e ele topou fazer a impressão.Imprimimos 300 exemplares e felizmente conseguimos vender todos" conta Abimael.
As publicações do Sebo Vermelho tem feito importantes resgates de livros, como é o caso de "Antologia Poética do Rio Grande do Norte", publicado originalmente em 1922 e reeditado pelo selo em 1993. "Os Americanos em Natal", do historiador Lenine Pinto é outro destaque como também o "O Carteiro de Cascudinho", escrito por José Helmut Cândido, que foi carteiro de Câmara Cascudo. No livro o carteiro conta suas experiências dos anos que passou servindo ao Mestre Cascudo.
Entre os livros de História e Fotografias mais importantes lançados pela editora estão " uma "Câmara vê Cascudo" com imagens raras do escritor, feitas nos finais dos anos 70, e "Natal Através dos Tempos" que retrata a cidade desde os anos 40, ambos do fotógrafo potiguar Carlos Lyra, falecido em 2006.Encontramos ainda "Cartas de Drummond a Zila Mamede" organizado por Graça Aquino, que reúne mais de 60 cartas de Drummond enviou para Zila. Esse é um dos livros que Abimael sente orgulho de ter publicado.
Entre os livros de História e Fotografias mais importantes lançados pela editora estão " uma "Câmara vê Cascudo" com imagens raras do escritor, feitas nos finais dos anos 70, e "Natal Através dos Tempos" que retrata a cidade desde os anos 40, ambos do fotógrafo potiguar Carlos Lyra, falecido em 2006.Encontramos ainda "Cartas de Drummond a Zila Mamede" organizado por Graça Aquino, que reúne mais de 60 cartas de Drummond enviou para Zila. Esse é um dos livros que Abimael sente orgulho de ter publicado.
Dos livros mais vendidos com o selo da editora se destaca "História do Rio Grande do Norte" de Marlene da Silva Mariz e Luis Eduardo Brandão Suassuna.Outro que vende bastante é o livrinho de Celso da Silveira e José de Souza:" O Valor que o Peido Tem" - "esse livro causa um zumzumzum danado, toda semana tem gente pedindo um exemplar" diz Abimael.
Todo livro editado pela Editora Sebo Vermelho passa a fazer parte da "Coleção João Nicodemos de Lima".O nome é uma homenagem ao primeiro sebista do Rio Grande do Norte. O sebo de João Nicodemos ficava na Ribeira e funcionou por 43 anos ( 1932 a 1975).
O CIDADÃO ABIMAEL
Entrevista concedida ao Programa Cores e Nomes
Junho de 2010
José Abimael da Silva, nasceu na cidade de Várzea, mais precisamente no lugarejo conhecido como Tanque do Boi, no Agreste potiguar.De família numerosa, é um dos oito filhos de Maria Rodrigues da Silva, dona de casa e artesã e de Severino Hercílio da Costa, carpinteiro. Aos cinco anos foi morar em Tibau do Sul e lá passou toda sua infância.Em 1970 veio estudar em Natal. Morou nas Rocas, Areal e depois nas Quintas. Estudou inicialmente no Isabel Gondim e depois no Colégio João XXIII onde conheceu o professor Antenor Laurentino Ramos, segundo ele " Um brilhante professor de Lingua Portuguesa, Literatura e Francês". Antenor exerceu uma influência enorme na sua vida, sendo seu grande incentivador no que diz respeito a sua busca por esse mundo dos livros e das idéias literárias. Abimael não concluiu o segundo grau. Abandonou os estudos no terceiro ano.
Começou a trabalhar aos 12 anos vendendo confeito, trabalhou numa padaria e depois numa loja de discos até conseguir um emprego do Unibanco, onde permaneceu por quatro anos.Em 1986 foi demitido do Banco por participar da greve geral dos bancários, quando fez piquete na porta do Banco.Segundo ele mesmo conta, se sentiu muito aliviado com a demissão, pois não gostava do que fazia. A partir desse momento o sebo vermelho passou a fazer parte da sua vida...
Em 2003, aos quarenta anos de idade Abimael recebeu o título de Cidadão Natalense. No mesmo ano participou do Programa de Jô Soares.Na época tinha editado o centésimo livro com o selo Sebo Vermelho.
Além de vender e editar livros, o Sebo Vermelho é um importante ponto de encontro dos intelectuais da cidade que frequentam o espaço em busca de boa literatura ou simplesmente para uma boa conversa. Para os amigos o encontro virou tradição. E para os simples mortais que procuram o Sebo, Abimael não se cansa de mostrar o que existe de melhor na nossa literatura, com paciência e amabilidade. É muito bom ir ao Sebo Vermelho e conversar com esse sebista, livreiro e editor. Eu tive esse prazer.
FONTES:
- Jornal Zona Sul de Natal- Entrevista concedida ao Jornalista Roberto Homem em Outubro de 2003
- Publicações do Diário de Natal sobre o Sebo Vermelho.
- Entrevista dada ao programa Cores e Nomes - enviado ao You Tube por "coresenomes" em 25/06/2010
FOTOS
- Imagens Google
- Acervo pessoal de Arilza Pereira
Maria Luiza Nolasco
ResponderExcluirAmiga,que delícia de postagem...maravilhosa a reportagem.Parabéns!!!
há 7 minutos ·no facebook
Na postagem sobre Sebo Vermelho, que eu pensava que era só uma editora, eis que me surge uma história notável. Já tinha lido sobre essa editora nas colunas do Woden Madruga da "Tribuna do Norte", quando ele relatava lançamentos de livros da mesma. Já estive em sebos de Natal, comprei alguns livros, cordéis, ali na área da Rio Branco com a Ulisses Caldas, mas ainda não tinha tido oportunidade de visitar o Sebo Vermelho, que na verdade, nem sabia, até ler e ver a entrevista do dono, no vídeo youtube, onde ficava. Na minha próxima ida a Natal, vou aparecer por lá, com certeza. Notei que na foto onde vc aparece com ele, vc segura um livro sobre Jesuíno Brilhante? é isso?
ResponderExcluirVoltando ao Sebo Vermelho, como sou viciado em leitura, adorei seu relato sobre o Abimael Silva, deve ser um barato conversar com alguém amante da literatura. No video ele fala de um professor que o influenciou, lhe deu dicas para ler José Lins do Rego, que é um dos meus autores prediletos, junto com Graciliano Ramos, Jorge Amado, Raquel de Queiroz, Carlos Drumond, Érico Veríssimo, Mário Quintana, Aluisio Azevedo, só para citar alguns. No meu caso, o "influenciador" total, foi meu pai. O sargento Zacarias nos ensinou a gostar de livros e cinema desde que éramos moleques, e na escola sempre, sempre incentivou, sempre exigiu que a gente aprendesse o máximo.
Eduardo de Souza ´Rio Branco / Acre - Via E-Mail
Gostaria de saber qual o endereço do Sebo Vermelho.
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