Vento Nordeste aproveita as comemorações do Dia Internacional da Mulher para reverenciar todas mulheres do nosso estado, que ignorando os preconceitos, quebrando tabus, ultrapassando obstáculos, abriram caminho para que a mulher de hoje possa exercer as funções no mundo do trabalho, da política, do judiciário.
Difícil foi escolher uma que pudesse representar todas elas. São tantas que com coragem, ousadia e determinação, lutaram para encontrar seu espaço na sociedade, seja através da literatura, da poesia, da educação, da arte, da aviação, da política... Poderia escolher entre tantas outras pioneiras! Mas decidi optar pela primeira delas, uma índia guerreira potiguar que, já na época da colonização, rompia tabus e entrava para a história - está nela o embrião da luta pela emancipação da mulher. Como potiguar louvo a todas nós acreditando que carregamos um pouco do DNA da nossa Clara Camarão, o que nos faz guerreiras por tradição cultural e herança genética.
AS PIONEIRAS - MULHERES GUEREIRAS
DO RN
Fotos no sentido horário começando no alto do canto esquerdo: Alzira Soreano (Primeira Prefeita do Brasil) - Auta de Souza ( Uma ds maiores expressões poéticas do Brasil no seculo XIX ) - Palmira Wanderley (Poetisa , que além de poesias escreveu para peças de teatro e novelas radiofônicas) - Zila Mamede (Outro grande nome da Poesia brasileira - paraibana que viveu e morreu em terras potiguares) Júlia Alves Barbosa e Celina Guimarães (as primeiras eleitoras brasileiras) - Nísia Floresta (Educadora, Escritora e Poetisa e Precusora do Feminismo no Brasil) - Maria do Santíssimo (Importante Pintora de Arte Primitiva do século XIX) - Isabel Gondim (Historiadora, Poetisa e Educadora) - Maria do Céu Fernandes (Primeira Deputada do RN e uma das nove primeiras do Brasil) - Lucy Garcia ( Primeira mulher a receber o "brevê" de aviadora no RN) -Miriam Coeli ( Jornalista, Professora e Poetisa) - e no centro Clara Camarão - a nossa índia guerreira, primeira mulher a receber o título de Heroína do Brasil)
A POTIGUAR CLARA CAMARÃO
Clara Camarão nasceu provavelmente em Aldeia Velha, situada nos arredores de natal, na segunda metade do século XVIII. Não há registro do local e data da sua morte. Pertencia a tribo Potiguar, que habitava a margem esquerda do rio Potengi.Recebeu o nome de Clara Camarão ao se batizar e casar com Antônio Felipe Camarão, o índio Poti, da nação potiguar, herói da guerra contra os holandeses. Guerreira, Clara Camarão rompeu a secular divisão de trabalho da tribo ao se afastar dos afazeres domésticos,para participar de batalhas. Dominava o arco e a flecha, a lança e o tacape.
Por seus feitos corajosos, foi-lhe dado o direito de ser chamada de dona e de receber o "Hábito de Cristo" junto com seu marido, concedido pelo rei Felipe IV. Pela primeira vez, uma mulher, e ainda por cima índia, foi considerada heroína brasileira.
Clara Guerreira e o Índio Poti
Depois de casada, Clara acompanha o marido em todos os combates.Montada a cavalo, investia contra as espadas e os arcabuzes do inimigo. Como não podia lutar lado a lado com o marido, proibição imposta pelos costumes tribais, formava um pelotão de índias potiguares sob o seu comando. Segundo Abreu e Lima, Clara Camarão, de uma valentia incrível, afrontou "todos os perigos, castigou por muitas vezes o inimigo e penetrou nos mais cerrados batalhões. Ao passo que combatia, exortava os soldados a cumprir os seus deveres, prometendo´lhes vitória, dando assim o exemplo a muitas outras mulheres que procuravam imitá-la." Clara e Felipe Camarão tiveram participação heroica em vários confrontos contra o domínio holandês.
CLARA CAMARÃO E "AS HEROÍNAS DE TEJUCUPAPO"
Encenação da Peça !as mulheres de Tejucupapo
Goiana/Pernambuco
A histórica Vila de São Lourenço de Tejucupapo, é uma das mais antigas de Pernambuco. A vila pertencia a então Capitania de Itamaracá, hoje, pertencente ao distrito do Município de Goiana. Palco da luta contra os holandeses, entrou na história depois do episódio conhecido como "As Heroínas de Tejucupapo."
Conta a história que os holandeses se encontravam sitiados, sem ter o que comer e obrigados a avançar pelo litoral. Comandados pelo Almirante Lichthant, cerca de 600 holandeses partiram, pelo mar, em direção a Tejucupapo. Para se defenderem os homens do vilarejo montaram uma trincheira para a luta contra os invasores. Durante o confronto alguns holandeses foram mortos, despertando a fúria dos inimigos. Percebendo a superioridade do inimigo, Clara Camarão, de crucifixo em punho, percorreu a vila convocando as mulheres a pegarem em armas e ajudarem na luta contra as tropas inimigas. No dia 24 de abril de 1646, munidas de paus, pedras, panelas, pimenta e água fervente, as mulheres de Tejucupapo venceram os holandeses.
CLARA GUERREIRA E A BATALHAS CONTRA O DOMÍNIO HOLANDÊS
Cena da Batalha de Porto Calvo em Alagoas
Outra batalha memorável com a participação da guerreira Clara Camarão foi a de Porto Calvo em Alagoas, no ano de 1937, portanto bem anterior ao combate de Tejucupapo.Nessa batalha as tropas do príncipe Maurício de Nassau já haviam incendiado Olinda, quando Clara Camarão à frente de índias potiguares, combateu os holandeses com uma bravura que não conhecia limites.Já no ano de 1948, na primeira Batalha dos Guararapes, batalha essa decisiva para a vitória das tropas luso-brasileiras contra os holandeses, Clara Camarão fez sua última participação em combates, lutando ao lado do marido.Meses depois dessa batalha o bravo guerreiro Poti, capitão-mor dos índios do Brasil, morreu de malária em Pernambuco. Clara Camarão recolheu-se ao anonimato. É possível que tenha voltado para Aldeia Velha, hoje Igapó, onde viveu mais alguns anos - é o que nos conta Garibaldi Alves, no livro "A Mulher Potiguar- Cinco Séculos de Presença".
FONTES:
- Garibaldi Alves Filho - " A Mulher Potiguar-Cinco Séculos de Presença - Fundação José Augusto - Governo do Estado do Rio Grande do Norte.
- Pesquisas Web - Site de divulgação da Prefeitura de Goiana Município do Estado de Pernambuco.
- Imagens Google
- Edição das fotos - Programa Pic-Noc - Yahoo/BR
Essa representa com muita honra a mulher Potiguar/brasileira
ResponderExcluirEdi Germano - Natal/RN
Clara Camarão nasceu em Porto Calvo Alagoas
ResponderExcluirAmigos(as): achei legal esse mosaico com as mulheres potiguar de grande valor. No entanto, permitam-me a picuinha: essa gravura de Clara Camarão não está com nada, parece mais uma lusitana. Vamos buscar imagem - ou desenhar, se não houver - com mais conformidade com a identidade indígena.
ResponderExcluirAry Txay
www.unidbrasil.com.br
Meu caro Ary Txay, seu comentário é muito pertinente, mas o fato é que quando fiz essa postagem não encontrei, nas minhas buscas, nenhuma foto ou pintura de época da Clara Camarão vestida (?) como índia. Sei que tanto ela quanto Felipe Camarão se vestiam como portugueses enquanto conviviam com eles e assumiam a sua identidade quando estavam com seus companheiros de tribo. Confesso que como vc, preferia ver a Clara com a sua identidade verdadeira. Se você encontrar uma foto dela assim me envia, que eu troco ou acrescento na postagem.
ResponderExcluirTenho o maior respeito e admiração pela cultura indígena e sempre que posso participo das lutas e manifestações em prol desse povo quase exterminado.
Um grande abraço e meus agradecimentos por sua visita e comentario no Vento Nordeste. Arilza Soares