FOTO DE CAPA

Foto de Capa
Barra de Punaú - por Arilza Soares

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A REDINHA DE ONTEM - PRAIA DE MUITOS CANTOS E ENCANTOS





Ah! A Redinha - quantos momentos maravilhosos passei nessa praia! Não dá pra lembrar da Redinha que conheci na minha adolescência sem suspirar de saudade. Saudade dos pic-nics, dos acampamentos com o grupo da JEC (Juventude estudantil Católica) dos dias festivos de veraneio na casa de amigos. Naquela época tudo tinha sabor de aventura, a começar pela travessia de barco à vela que saía do cais da Tavares de Lira - atravessar o Potengi com o vento jogando o barco de um lado para o outro, muitas vezes com a vela do barco tocando na água, causava medo mas o cenário em volta compensava tudo. E a chegada no  trapiche? Sempre pedia ajuda para descer porque ficava bem mareada na travessia!


                          Antigo cais da Tavares de Lira -Ribeira

Ah! A Redinha das caminhadas pelo Rio Doce e dos mergulhos nas águas salgadas do Rio Potengí. A Redinha do amanhecer dourado, com o sol surgindo iluminando o Forte, enquanto  eu me extasiava diante da pesca do arrastão! A Redinha dos passeios à noite com o céu estrelado. A Redinha das noites enluaradas, dos meus momentos de contemplação, sentada no trapiche,vendo o luar pratear as águas do Potengi - ficava horas alí,sem me preocupar com o tempo nem com a violência que não existia. 






                            
Ah! A Redinha onde tantas vezes assisti apresentações de Bumba meu Boi, Coco de Roda, lapinhas e Pastoril, danças do nosso Folclore que  parecem ter se perdido no tempo. A Redinha do Centro Desportivo, com os torneios de verão, da Copa dos Navegantes. A Redinha da Festa do Caju que se tornou uma tradição da praia por muitas décadas. A Redinha da Procissão de Nossa Senhora dos Navegantes, expressão maior de fé do seu povo.
E haja suspiro! A Redinha de ontem "tão cortejada pelos boêmios, intelectuais e artistas, que viam em suas paisagens. um lugar mágico, fonte de inspiração e descanso" já não existe mais. Mas ela continua lá, no alto dos seus 408 anos, um pouco maltratada é verdade, mas linda, acolhedora e agora cortejada pelo povo que por vocação sempre abrigou.





ORIGEM DO NOME


                                                             

O nome da praia tem suscitado controvérsias ao longo do tempo. Para alguns historiadores o nome teve origem nas diversas redes usadas pelos pescadores que depois da pescaria ficavam estendidas ao longo da praia -"Praia das Redes de pescar" - "Praia da Rede" - "Praia da Redinha". Já  o historiador Câmara Cascudo,relata que o nome Redinha faz referência à região de Pombal, em Portugal, como tantos outros em nossa cultura."Havia a Redinha de fora, como local arruado à margem esquerda, vista de Natal, e a Redinha de dentro, na foz do Rio Doce, também denominado Guajiru,  desaguadouro da lagoa de Extremoz” escreve o Mestre Cascudo em sua obra "Nomes da Terra"




UM POUCO DE HISTÓRIA



A antiga estância balneária no subúrbio da Cidade, foi incorporada ao  Município de Natal, pela Lei n.º 603, de 31 de outubro de 1938, pelo então Prefeito Gentil Ferreira. Redinha teve seus limites definidos pela Lei nº. 4.328, de 05 de abril de 1993, oficializada quando da sua publicação no Diário Oficial do Estado em 07 de setembro de 1994.                                  
Hoje o bairro tem como limites: ao Norte o município de Extremoz, ao Sul, o Rio Potengi e manguezais, ao Leste  o Oceano Atlântico, e a Oeste  a Estrada de Genipabu.                                                                                  







Em 1597, seis anos antes do processo de ocupação, a Redinha pertencia aos índios potiguares, chefiados pelo  índio Potiguaçu. Na Redinha, uma antena de telefonia celular ocupa hoje o local onde outrora foi a taba de Potiguaçu. Mas  história da Redinha tem início mesmo no "Auto da  Repartição das terras do Rio Grande" e a primeira referência existente, sobre o local  figura no texto de sesmaria, concedida ao vigário do Rio Grande, Padre Gaspar Gonçalves Rocha, por João Rodrigues Colaço, em 23 de junho de 1603. O texto declara que "há o melhor porto de pescaria que aqui há e está defronte da Fortaleza". Lá pelos idos de  1731 a viúva Grásia do Rego vendeu a dona Joana de Freitas da Fonseca, viúva do Capitão Manoel Correia Pestana um sitio compreendendo todas as terras do lugar,hoje conhecido como Redinha.


                       PRAIA DE VERANEIO



A Praia da Redinha foi por muitos anos, praticamente, a única praia de veraneio de Nata. Registros do Instituto Histórico e Geográfico marcam  o dia 22 de novembro de 1921 como a data da fundação da Redinha como praia de veraneio, inicialmente habitadas por pescadores e rendeiras. Essa data comemora o desembarque pela manhã, no Porto Velho, das cinco primeiras famílias de veranistas: Dr. Paulo de Abreu, major e médico reformado do exército, e seu genro, Boanerges Leitão, Pedro Fonseca, tesoureiro dos correios e telégrafos, José Luna Freire, gerente da filial das Lojas Paulistas, e Lauro Medeiros, também gerente de lojas.


                                     



Foi o advogado e deputado provincial  Francisco Xavier Pereira de Brito (1818-1880) quem tornou a Redinha conhecida de todos. Segundo o escritor Manuel Onofre Junior, até fins do século XIX, os banhos de mar e temporadas de veraneio eram ignorados nas praias de Natal.Somente nos fins da primeira década do século seguinte é que iniciou-se o movimento de veranistas nas praias potiguares. Mas, o costume iria consolidar-se apenas na década de 20.

                                         
                
 O CEMITÉRIO DOS INGLESES


Uma das referências históricas do bairro é o chamado  Cemitério dos Ingleses. Nos idos de 1869, numa pequena elevação entre o rio Potengi e a gamboa Manibu, foram erguidos túmulos de ingleses e suíços não-católicos, que viviam na cidade e que morreram em conseqüência de epidemias que grassavam na época. Hoje o lugar encontra-se ocupado por coqueiral.


                             O REDINHA CLUBE


Construído no ano de 1922, numa época em que a Redinha já registrava uma vida social intensa.O Redinha Clube passou a animar o verão com suas festas, entre elas a "festa do caju", realizada no mês de janeiro.Por décadas a festa do caju atraiu pessoas de todos os lugares da cidade e  carregou por muito tempo a tradição "a cara da Redinha" mas deixou de existir a partir de 1970.

                                           
                       AS IGREJAS DE
    NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES




Em 1924, os pescadores da Redinha, com ajuda do Dr. Aponan, construíram a capelinha Nossa Senhora dos Navegantes,a padroeira do bairro.


A Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes é um templo famoso na cidade pela originalidade da sua construção, toda em pedra preta, retiradas da praia de Genipabu. Essa construção ocorreu em 1954, com ajuda dos veranistas Cunha Lima e Carlos Lima Araújo. O novo templo não teve a aprovação dos pescadores porque foi erguido de costas para o mar. Até hoje os pescadores continuam frequentando a antiga capelinha, bem mais antiga também dedicada a Nossa Senhora dos Navegantes

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Antigos veranistas contam que a imagem de N. S. dos Navegantes, antes situada na capelinha, foi levada à Igreja, ocasionando revolta por parte dos moradores. "Durante os dois primeiros anos a Igreja de Pedra não celebrou missas em função do desaparecimento da imagem, que segundo a comunidade, teria sido roubada pelos pescadores. Em 1956, a imagem de Nossa Senhora foi encontrada no Canto do Mangue. Numa trégua entre as duas partes, foram doadas duas imagens, dando assim, origem a Procissão de Nossa Senhora dos Navegantes".(Sérgio Vilar -Diário do tempo redinha Velha 3)

FONTES:  
                   
           Vicente Serejo Gomes. Cartas da Redinha. Natal: Amarela, 1996.
           História do Rio Grande do Norte -Diário de Natal, Natal, 1999
           História do Rio Grande do Norte. Tribuna do Norte, Natal 19
           Prefeitura Municipal de Natal Site: Conheça melhor o seu
                                                                  bairro -Redinha
          Luiz da Câmara Cascudo-História da Cidade de Natal
         Site: Diário do tempo- Velha Redinha- Sergio Vilar
         Pesquisas Google-Wikipédia
                                           
Fotos: 
     Acervo de Alexandre Gurge
         Imagens Google



                          

2 comentários:

  1. Papo com a Marilda no Facebook sobre a postagem da Redinha

    Marilda Nascimento
    falando sobre a Redinha creio que vc vai lembrar da forma que íamos antigamente kkkkk Quando eu me lembro, tenho a impressão que naquela época não tinha medo de nada , sem saber nadar como até hj não sei, atravessavamos o Rio em "Botes" sem a mínima segurança, os responsáveis ou irresponsáveis,dos donos , no meio do Rio ficavam tirando agua pois com certeza deveria ser furos kkkkk


    Arilza Pereira
    E quando o barco era a vela e no meio do rio a vela envergava por causa do vento e batia na água! Só mesmo a juventude para encarar aquilo,porque como somos irmãs gêmeas,nas experiências de vida, eu tambem até hoje não sei nadar!
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    Marilda Nascimento
    Menina o pior é que nós viviamos naquela beira de praia e não aprendemos?Realmente essas afinidaders nem irmã gemeas. O pior um dia quase morri afogada ali , pisei num buraco e a agua me cobriu, qdo contaram pra minha mãe, o castigo foi ficar o resto das férias sem pisar na praia quase morri de novo de tanto que chorava

    Marilda Nascimento
    Eu lembro dos Barcos a vela sim, e da vela envergando kkk mas pra variar tb tinha a lancha lembra? Que a "SEGURANÇA" era por ser fechada, imaginando agora será que não era pior que os Botes? kkkk Hoje em dia , meu marido coiatdo já desistiu de fazer cruzeiro por minha causa, nem de Santos pra o Rio eu vou aliás, nem de Pedalinho eu ando tenho Pavor de me imaginar cercada de agua, quem não me conhece não vai acreditar que nasci e cresci na beira da Praia

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  2. Adorei conhecer um pouco mais sobre esse bairro que eu tanto amo; onde nasci e me criei. Obrigado e parabéns pelo blog.
    jadsonbcs_sud@hotmail.com

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