Amanhã eu vou, amanhã eu vou, amanhã eu vou, amanhã eu vou...
Quando criança cantei muito essa música, composta por Beduíno e Luiz Gonzaga e imortalizada na voz do Rei do Baião. Mas confesso que só há bem pouco tempo, quando pesquisava sobre os mitos e lendas do folclore nordestino, é que me dei conta de que a letra falava de uma lenda cearense. Eis a letra:
Era uma certa vez
Um lago mal assombrado
À noite sempre se ouvia a carimbamba
Cantando assim:
Amanhã eu vou, amanhã eu vou
A carimbamba, ave da noite
Cantava triste lá na taboa
Amanhã eu vou, amanhã eu vou
E Rosabela, linda donzela
Ouviu seu canto e foi pra lagoa
E Rosabela, linda donzela
Ouviu seu canto e foi pra lagoa
A taboa laçou a donzela
A taboa laçou a donzela
Caboclo d´água ela levou
A carimbamba vive cantando
A carimbamba vive cantando
Mas Rosabela nunca mais voltou
Amanhã eu vou, amanhã eu vou
Lagoa de Opaia - Fortaleza/CR
Segundo a Professora Lourdes Macena, da CEFET/CE, a lenda pertence ao povo da lagoa de Opaia localizada no bairro Aeroporto na cidade de Fortaleza. Durante muito tempo essa lagoa era utilizada para lavagem de roupas e banhos de animais. Com uma área de 159.379 m² e uma profundidade média de1,7m, a lagoa de Opaia é hoje utilizada para lazer e pesca, muito embora se encontre bastante poluída. Hoje em dia se a Rosabela, fosse entrar na lagoa, com certeza não sumiria laçada nas taboas, mas se afogaria em meios aos detritos!
A taboa laçou a donzela...
A "taboa" (Typha domengensis) de que fala a música é uma planta típica dos brejos, manguezais, várzeas e outros espelhos d'água. A sua fibra durável e resistente, é utilizada como matéria prima para papel, pastas, cestas, bolsas e outros itens de artesanato. É uma depuradora de águas poluídas, absorvendo metais pesados.
A carimbamba, ave da noite...
De acordo com a crença popular a "Carimbamba" é uma ave de rapina, provavelmente uma coruja, que hipnotiza as pessoas com seu canto noturno.
Segundo comentário aqui no Vento Nordeste, de uma pessoa que não se identificou em 20/06/2013), a Carimbamba é uma ave de hábitos noturnos encontrada em quase todo o país, principalmente na região nordeste conhecida como "Bacurau" (Nyctidromus albicollis). Essa ave tem no canto, uma onomatopeia que diz assim: amanhã eu vou, amanhã eu vou...
Segundo comentário aqui no Vento Nordeste, de uma pessoa que não se identificou em 20/06/2013), a Carimbamba é uma ave de hábitos noturnos encontrada em quase todo o país, principalmente na região nordeste conhecida como "Bacurau" (Nyctidromus albicollis). Essa ave tem no canto, uma onomatopeia que diz assim: amanhã eu vou, amanhã eu vou...
A CARIMBAMBA E A MÚSICA
Popularizada na voz de Luiz Gonzaga, depois da gravação em 1951 e regravada mais recentemente por Elba Ramalho e Zé Ramalho, a Lenda da Carimbamba foi transformada em livro Infantil com o texto de Elvira Drummond e ilustração de Nice Firmeza.
A CARIMBAMBA - A LENDA
Extraído do livro de Elvira Drummond.
Conta na lenda da carimbamba, que toda lua cheia à meia noite um pássaro ia até a lagoa cantar:
"-Amanhã eu vou,amanhã eu vou,amanhã eu vou..."
Perto dessa lagoa morava uma menina muito bonita chamada Rosabela; acontece que Rosabela acordava toda noite para ouvir o canto triste da carimbamba.
A sua familia já estava preocupada com a filha e mandou passar uns dias na casa de sua tia,perto do mar.
Quando voltou para casa,Rosabela conseguia dormir a noite inteira. Mas um dia teve um sonho muito agitado e saiu de casa como uma sonambula em direção a lagoa.
E foi caminhando até sumir dentro da lagoa,até hoje ninguém ouviu falar de Rosabela.
Mas dizem que nas noites de lua cheia,ouvem-se sua voz cantando:
" Amanhã eu vou,amanhã eu vou,amanhã eu vou" ...
FONTES:
- Elvira Drummont- A lenda da Carimbamba - Editora Demócrito Rocha - Fortaleza -2006
- Pesquisa Google: Site Wikipédia
- Pesquisas Google: Site: Meu Espaço de Rodrigo Silva
FOTOS:
- Imagens Google
- Edição de fotos: Site Pic-Monkey
VÍDEO:
- Música: Amanhã eu vou - Gravação de Luiz Gonzaga - Monumento Nordestino -Volume 3 - Enviada ao You Tube por "Forrobodologia2 - em 01/06/2012.
Texto muito bom... só tenho uma observação. A carimbamba da música é uma ave caprimulgiforme de hábitos noturnos encontrada em quase todo o pais(principalmente na região nordeste), também conhecida como bacurau (Nyctidromus albicollis). Esta ave tem um canto uma onomatopeia que diz assim Amanhã eu vou, amanhã eu vou.
ResponderExcluirCaro amigo,
Excluirantes de mais nada, muito obrigada pela visita ao Vento Nordeste e pelo comentário tão pertinente. Gostaria de acrescentá-la ao texto. Seria interessante que vc se identificasse para que eu possa colocar o devido crédito.Um grande abraço. Arilza Soares / Vento Nordeste
Eu ouco o canto aqui no sudeste
ExcluirAqui e conhecida como Curianga
A música é muito linda, bem como a lenda. Sinceramente, gostei muito, tanto é, que escuto repetidas vezes no meu carro.
ResponderExcluirTambém gosto e já cantei muito essa música.E muito obrigada pela visita e comentário deixado no Vento Nordeste. Volkte sempre. Arilza Soares/Vento Nordeste.
ResponderExcluirGosto muito dessa música e sua letra. A lenda da carimbamba também achei muito interessante, pois pensava que fosse do sertão. Abraços!
ResponderExcluirTexto muito bom.
Sou aqui de Aracaju, Sergipe e, como boa nordestina, amo a minha terra, sua história, sua cultura. A minha mãe, Dona Maria, hoje moradora da "Lagoa de Deus," adorava contar histórias. Isso, ela o fazia todas as noites, e, lembro-me bem, ela contava a história de Rosabela. Como vê Alzira, essa história perdura, porque muitas Dona Maria (tempo distante e bom), contava, à noite, histórias também ouvidas, quando criança. Amo a boa música nordestina e essa, em especial, é minha preferida, porque me remonta a minha infância embalada pelo fantástico mítico. Um abraço, ou melhor, um cheiro, como dizemos aqui. Neusa V.Lima Steinbach.
ResponderExcluirMuito obrigada pela visita ao Vento Nordeste e pelo comentário tão gentil. Fico feliz de saber que as minhas postagens provocam boas lembranças. um cheiro - Arilza
Excluir
ExcluirArilza, quando criança, uma senhora negra, que trabalhava na minha
casa, à noite, sentava-se no pilão, e eu gostava de colocar minha cabeça no colo dela e ela cantarolava uma música que era mais ou menos assim: " Dona Neusa, quer ser freira? Não, senhor, quero casar."
Você conhece essa musica? Ela faz parte de canto africano?
Quem sabe, não terá uma resposta para mim.
Obrigada, Um cheiro. Neusa Vieira Steinbach
Não conheço Neusa e lamento não poder te ajudar. Grrande abraço! Arilza
ExcluirArilza, agradeço seu trabalho!
ResponderExcluirEu me lembro sim dessa canção citada pela Neuza Vieira:
Óh... (nome da menina), você quer ser freira?
(resposta: Não, senhora, quero me casar!)
Óh... (nome da menina), você quer ser freira?
(resposta: Não, senhora, quero me casar!)
Uma menina tão bonita
que só pensa em namorar...
(Resposta)
Eu namorei, hei de namorar
Com a letra (...) quero me casar.
Era brincadeira de roda! :)
Um abraço!
Meire
meirevalin@yahoo.com.br
Meu nome é Mailson sou de Caicó RN . Ouvi a música e me deu curiosidade e fui pesquisar. Parabéns seu texto me disse tudo que precisava saber sobre a música!
ResponderExcluirRecordações da infância
ResponderExcluirLá na roça, no Recôncavo da Bahia, as crianças não tinham muito o que fazer à noite, pois só existiam a luz do candeeiro de querosene ou a claridade do nosso satélite durante a lua cheia. Quem conseguia frequentar uma escola, na redondeza, saía de casa bem cedinho, tocando nos galhos e folhas ao lado do caminho para ver as gotas de orvalho rolarem. Geralmente as aulas eram pela manhã, só o curso primário e uma única professora. Ah! O garoto começou o primeiro ano em 1948. Um ano após o famoso eclipse total do sol, em 20 de maio de 1947. Com a mudança para Santo Antônio de Jesus, ele não ficou com o histórico escolar dos quatro anos que frequentou nessa escola. Descobriu que iniciou o primeiro ano em 1948, quando o Vice-Consul da Embaixada do Brasil, em Copenhague, olhou com estranheza a data (1948!), em que foi emitida a Certidão de Nascimento solicitada para a entrega do Passaporte. Depois dessa surpresa, ele disse: “Muitas pessoas morrem, em nosso imenso Brasil, sem entrar nas estatísticas. Às vezes, nem são computados como mortos”. Era um senhor afável, naqueles anos duros!
Durante as noites de lua cheia, observava aquele corpo celeste passeando pelo céu. A imensidão do firmamento! As manchas na lua eram descritas, identificadas, com São Jorge lutando contra o dragão.
Alternava essa atividade, em alguns dias, descendo pelo lado direito do casarão, até a estrada, para correr atrás do bacurau (carimbamba). O pássaro noturno voava, pousando mais a frente, sempre ao longo do caminho, sem que ele conseguisse alcançá-lo. Em seguida:
Cantava, lá no meio do caminho;
Amanhã eu vou, amanhã eu vou
E a criança perto dele nunca chegou.
Bacurau, curiango, mariangu, maria-angu e tabaco-bom (Pernambuco).
Amanhã-eu-Vou (carimbamba).
Bonita canção. Apesar de ser fã de Luiz Gonzaga, não a conhecia, o que aconteceu recentemente. Conversando com meu irmão, descobri que nosso pai, já falecido, cantava para minha irmã mais velha, embalando-a numa rede. Ouvi a versão do Gonzagão (a música foi gravada em 1951) e do Zé ramalho. Confesso que é muita emoção, ouvir a canção e imaginar a cena de meu pai embalando minha irmã. Obrigado pela postagem com essa informação muito interessante.
ResponderExcluirArilza, a muito tempo conheço essa música de Gonzaga, gosto muito da versão cantada por Gonzaga e Fagner. Sempre tive curiosidade de saber o que era carimbamba, gostei muito do seu texto e dos comentários das pessoas. Sou paraibana e moro em Brasília há 30 anos. Um cheiro. Roseli
ResponderExcluirSou mineiro, cresci em Brasília e por escolhas sempre me interesso por histórias de nossa terra brazilis. Não tinha conseguido identificar a carimbamba, mas como os demais que comentaram a matéria, gostei muito da lenda. Pássaros noturnos em geral me parecem 'tristes' em seu canto, mas numa noite perto de uma fogueira e com uma boa conversa tudo fica diferente e a imaginação toma conta...
ResponderExcluirParabéns pelo texto. Trabalho na educação infantil e vendo umas asas confecionadas de papelão na sala da coordenação da minha escola, vim a saber que era sobre essa lenda. Resolvi pesquisar sobre a mesma e descobri esse blog o qual me trouxe bastante informações.
ResponderExcluirObrigado...tenha uma boa tarde.
Divacy Lemos.
Ouvi a Carimbamba numa primitiva vitrola de 78 rotações, a manivela, quando tinha 8 anos.Hoje tenho 70. Mas recordações da infância mais marcantes, ficam. Lembro do meu jovem tio Gaspar, recém proprietário do fabuloso artefato a nos pedir que não girássemos a manivela com muita força para a música não virar frevo. E a cada apresentação completa, trocávamos a agulha, tipo um prego, cuja ponta se desgastava rapidamente.
ResponderExcluirPor coincidência estou hoje em Fortaleza, revendo meus parentes e perguntei pela lagoa da Carimbamba. Ninguém conhecia nem lembrava daqueles tempos idos na fazenda Vilta Mofina, município de Luiz Correia, no nosso pequenino litoral piauense.
Então, navegando pela rede, em busca de localizar a lagoa da Carimbamba, descobri esta preciosidade potiguar arejada pelo Vento Nordestes de Arilza. E fiquei muito feliz ao ler a matéria e os deliciosos comentários.
Carpe Diem!
sou de Sobral CE moro em São Paulo há 43 anos, mais minhas raízes estão ai. Eu não conhecia essa Lenda.
ResponderExcluirIncrível como parece q só eu conheci essa música através de um LP do início dos anos 80 da Elba Ramalho....🙈 Era criança aqui em Fortaleza e qdo minha mãe tocava o meu coração acelerava pq imaginava a carimbamba de ave se tornando um monstro pra raptar Rosabela. Moreira de medo!!!
ResponderExcluirNão sabia que era do grande Gonzagão... E tão antiga!
Sempre gostei de Luiz Gonzaga pois considero o Rei do Baiâo nossa maior referência musical e a música "Amanhã Eu Vou", uma das minhas preferidas até por conta de ser uma das músicas que fala de assombração, meia-noite,lua cheia, canto triste de um pássaro, numa lagoa escura.
ResponderExcluirUma coisa que sempre me intrigava era identificar o pássaro carimbamba que agora já sei que o nosso popular bacurau e seu canto onomatopéico amanhã eu vou, amanhã eu vou, amanhã eu vou. Outro fato era o da "a taboa laçou a donzela", agora sei que taboa é uma planta típica de beira de lagoa e usada em muitas comunidades em artesanato. As tranças da taboa laçou Rosabela que nunca mais voltou.
Para mim, hoje 21 de julho de 2020 foi um dia histórico pois se completou toda informação necessária para gostar e curtir mais ainda a música "Amanhã Eu Vou", inclusive com esse destaque do resgate da "Lenda da Carimbamba".
Maravilha de informação nesse texto. Sempre ouvi essa música desde criança, e ficava imaginando o destino trágico de Rosa Bela, por acaso estava ouvindo essa musica num programa matinal de radio hoje e resolví pesquisar no Google, encontrei essa bela informação.
ResponderExcluirAmo essa música. Meu pai teve muitos vinis de Luiz Gonzaga. Papai partiu mas seus LPs como se chamava no sertão continuam na casa da minha mãe. Estou ouvindo Luiz Gonzaga na véspera de São João e chorando de saudade.
ResponderExcluirDesde muito garotinho ouvia essa música, hoje, depois de um batepapo com minha esposa, que também a ouvia desde muito garotinha, resolvi pesquisar a letra, pois não me lembrava dela toda. Fiquei maravilhado com a lenda. Valeu a pena.
ResponderExcluirEdmundo Prado, em 21 de julho de 2021.
ResponderExcluirSó me identificando
ResponderExcluirMuito linda a cultura nordestina
ResponderExcluiressa música e iconica
Eu gostaria de ver a apresentação da lenda carimbamba no YouTube
ResponderExcluirSou do Pará, mas meus avós eram nordertinos e eles contavam a história da carimbamba. Aqui na minha cidade essa história é conhecida como a história do Rio da taboa.
ResponderExcluirShow
ResponderExcluirQue maravilha! 😍 Parabéns pelo texto rico em fontes e ilustrações! 🙌🏾 Parabéns pela provocação maravilhosa de tantos comentários ricos em sensações e mais informações! 👏🏾 Eu procurava essa música para trabalhá-la como um exemplo de mito brasileiro, tal qual "Dassanta", do baiano Elomar. Mas, infelizmente, ela se configura, de fato, apenas como lenda. Gratidão por dispor esse trabalho que merece ser compartilhado! 🙏🏾
ResponderExcluirFiquei muito feliz em encontrar essa rica narrativa sobre a lenda da Carimbamba , repleta de detalhes ,inclusive com outros nomes ,dados em regiões diferentes , à lendária ave.
ExcluirFico muito grsto.
Um grade abraço.
Desde criança eu ouço essa música.Até hoje me lembro.
ResponderExcluirFiquei encantada com a música, quando meu saudoso pai aos 89 anos começou a lembra lá e ficar cantando diariamente.
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