sábado, 26 de março de 2011

COMO SE FALA EM NATAL- DE PAPA JERIMUM PARA PAPA JERIMUM





Nada é mais significatico na cultura de um povo que a sua fala. E a riqueza da fala potiguar foi amplamente divulgada no livro Papo Jerimum do músico/escritor Cleudo Freire. Publicado pela editora local Sebo Vermelho, o livro é um dicionário rimado das expressões usadas no dia a dia do povo da terra.
Vale a pena ler e conhecer o  significado  de palavras como mundiça, ruma, xexeiro, ou das  interjeições como visse!, reiô-se! sostô! entre tantas outras.

Papa jerimum* é um adjetivo usado para designar pessoas que nascem em terras potiguares.
Papo jerimum é um livro para entender esse povo!



                                 Foto: Fabiana Mota


* " O apelido papa jerimum, dado aos norte-riograndenses, vem de uma suposição que um tal presidente da província, num momento de aperreio, haveria pago ao funcionalismo público com jerimuns. Bem, eu não acredito em moeda-jerimum, mas que ela existe, existe!" 
                                         Cleudo Freire no seu papa jerimum.






Da aldeia potiguar por Cleudo Freire


Cabra posudo é gabola
Otário é abigobel
O chato é galado
Puxa saco é xeleléu

Nêgo alto é galalau
Botão de som e tv é pitoco
Se é miúdo é pixototinho
Se for resto é catôco

Tudo que é bom é massa
É arretado, é primêra
Tudo que é ruim é peba
também pode ser reiêra

Moça nova é boyzinha
Mulher solteira é caritó
A galinha é inchirida
Lança perfume é loló

Ponta de cigarro é piúba
Bordel se chama berel
Longe é a casa da mãe pantanha
é lá na casa do chapéu

Muita coisa é ruma
Se tá folgado é folote
Pouca coisa é um tico
Uma turma é um magote

O tímido é bisonho
Tá de fogo, tá melado
O surdo se diz môco
Quem tem sorte é cagado

Pedaço de pedra é xêxo
Ladrão pequeno é xexêro
O mesquinho é amarrado
Cabra safado é fulêro

Papo furado é aresia
Nêgo insistente é prisiaca
Se for pior se diz frechado
Catinga de suor é inhaca

Rir dos outros é mangar
Mexer os quartos é mengar
Quem observa tá só cubando
Faltar aula é gazear

Quem é pálido é impamelado
Quem é franzino é xôxo
O bobo se chama leso
O medroso se chama frôxo

Pernilongo é muriçoca
Chicote se chama acoite
Quem entra sem licença imbióca
Sinal de espanto é VOT'S

Tá com raiva, tá invocado
Vai sair diz "vou chegar"
Cabra sem dinheiro é liso
Dar um amasso é sarrar

Sujeira de olho é remela
Toca disco é radiola
Meleca se chama caraca
Peido se chama sola

Mancha de pancada é roncha
Briga pequena é arenga
Performance é munganga
Prostituta é mesmo quenga

Bola de gude é biloca
Fofoca é fuchico
Estouro é papôco
Cu aqui se chama furico





PAPO JERIMUM  
II Edição -Revista e Ampliada


Cleudo Freire mostra a riqueza da fala potiguar
Publicação de 24 de maio de 2006 às 00:00



Pense num caba de peia que entendeu a linguagem falada dessa ruma de gente que vive no Rio Grande do Norte. Na ver mesmo, o músico e escritor Cleudo Freire já tinha sacado a riqueza da palavra potiguar há três anos, quando lançou a primeira edição do livro Papo Jerimum pela editora Sebo Vermelho - um dicionário rimado com expressões fortes usadas no cotidiano pelo povo da taba.
E como cultura pouca é bobagem, Cleudo voltou ao batente e descobriu novos termos na cultura popular. O resultado desse balaio de gato aparece na segunda edição do papo Jerimum. O livro será lançado hoje, a partir das 18h, na livraria Siciliano, localizada no shopping Midway Mall.
O autor afirma que resolveu retomar o trabalho por conta da fonte inesgotável de expressões falada na terra e ressalta que além de termos próprios, criados no Estado existem os originados em outros lugares do país que acabaram incorporados ao vocabulário local. "Não é um livro integralmente regional. Mas tudo o que está nele é usado pelo povo.Na pesquisa consegui reunir mais de 3800, mas ficou impossível colocar tudo numa única publicação.Vai desde a natalense "galado" à palavra inglesa "boy" usadas pelas garotas quando se referem aos meninos.Mas uma palavra que estou dando destaque é o verbo "caningar" que não estava na primeira edição e como muita gente reclamou tive que colocá-la agora" disse.
Cleudo revela que as ruas, os municípios do interior e os campos de futebol foram grande fonte de pesquisa. O termo "mundiça", segundo ele nasceu da rivalidade entre as duas maiores torcidas do Rio Grande do Norte. Assim como "galado" só quem fala é o natalense, a palavra "mundiça" é exclusiva do futebol.A torcida do América começou a chamar a torcida do ABC assim e o apelido pegou. Você não vê isso em lugar nenhum do país", afirma.
Embora cada página tenha uma estrofe rimada, Cleudo conta que não se trata de cordel. E explica que a ideia era dar o ritmo fak[lado do povo ao texto. "Queria que o leitor se sentisse à vontade, lendo da mesma forma que ele fala. E acho que consegui. Apesar da rima, não tem nada de cordel. São rimas leves, soltas. É o mesmo que ver o povo falando. Foi muito gostoso fazer esse trabalho porque eu ria muito. Temos uma riqueza grande," disse.



FONTES:

  • Papo Jerimum-  Dicionário Rimado de Termos populares -Cleudo Freire Editora Sebo Vermelho -2006
  • Jornal Tribuna do Norte- Natal -RN- Publicação de 24 de maio de 2006    

FOTOS: Imagens Google - 
                      Olhares: Fabiana Mota




8 comentários:

  1. Adorei!!! `` Bilola`` Não faz parte Rsrsrsr

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  2. OLÁ ARILZA.

    SOU SEU MAIS NOVO SEGUIDOR.

    SENSACIONAL !!!!! RÍ MUITO, E ABSOLUTAMENTE DIFRENTE, CRIATIVA E MUITO BRASILEIRO.

    PARAB´RNS, VOLTAREI SEMPRE.

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  3. Silvia Maria Fonseca Adorei isso! via facebook

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  4. Como sou das antigas,conheço e uso a maioria dessas palavras e muitas outras que essa geração de hoje nunca ouviu nem falar.Gostei muito desse livro ,vou comprar pra ler todo.

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  5. Incrível e muito inteligente! O livro deve ser "massa". "Manguei" muito! Boa postagem!

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  6. Marilda Nascimento
    Arilza, estou rindo até agora kkkkkk eu mesmo aqui em São Paulo, há quase 38 anos ainda uso uns termos desses kkk "Pixototinho" é um deles kkk menina como eu faço pra ter esse livro? Valeu .. bju

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