FOTO DE CAPA

Foto de Capa
Barra de Punaú - por Arilza Soares

quinta-feira, 22 de março de 2012

OBA! VAMOS PULAR CADEMIA? ( AMARELINHA ) DA SÉRIE BRINCADEIRAS INFANTIS


                                              Ilustração: Quadro do Ivan Cruz


Cademia ou Academia, era assim que na minha infância, era conhecido o Jogo da Amarelinha. Câmara Cascudo, no seu Dicionário do Folclore Brasileiro  fala em "avião" - um outro nome dessa brincadeira no Rio Grande do Norte. Mas os natalenses da minha geração brincavam mesmo de cademia! Como era bom esse jogo! Era a brincadeira preferida das meninas e  eu adorava exibir minhas habilidades. Para ganhar  "todas", quando brincava na rua ou na escola, eu treinava em casa. Na minha vizinhança eu não perdia pra ninguém, e a  minha maior glória era ver a cademia cheinha de coroas desenhadas por mim. Bons tempos!




A amarelinha é uma brincadeira de rua tradicional e folclórica que está presente de norte a sul do Brasil Foi trazida  pelos portugueses durante a colonização, com o nome de “pular a macaca”. Cada região brasileira adotou características locais, e adotou nomes diferentes. Entre esses os nomes, destacamos os  mais comuns usados nos diversos estados: Academia ou Cademia (RN-PB-PE) Avião (AL) Boneca (PI) Cancão (MA) Macacão (SE) Macaco (BA) Amarelinha  (SP e RJ) Maré (MG) Zapata ( RS) Macaca (AC-PA-AP-CE).Conhecida praticamente em todo mundo recebe o nome de Macaca em Portugal. Nos EUA, é chamada de Hopscotch, na França, Marelle, que adaptado ao português, deu origem ao nome Amarelinha. 


                                           Ivan Cruz / RJ

Vários estudiosos tentam explicar a  origem  do jogo e do seu traçado. Alguns afirmam que a brincadeira vem dos tempos do Império Romano, segundo a qual a  amarelinha original tinha mais de cem metros e era usada como exercício de treinamento militar. Os soldados corriam sobre um gráfico desenhado no chão para melhorar as habilidades com os pés. As crianças romanas então, fizeram imitações reduzidas do campo utilizado pelos soldados, acrescentando numeração nos quadrados que deveriam ser pulados. Para o escritor e pesquisador Veríssimo de Melo, o jogo remonta "das utilidades divinatórias na antiguidade, modificado através do tempo, sobrevivendo ainda hoje como inocente passatempo infantil". Essa hipótese é bem mais provável já que existe uma associação de cunho religioso em torno da brincadeira ao qual se atribui uma batalha do Bem contra o Mal. Para se chegar ao céu, o participante tem que passar por obstáculos.O vencedor, que consegue vencer as sete casas, pode escrever seu nome no céu.


Diferentes formas gráficas usadas nesse jogo


A amarelinha talvez seja a brincadeira com a maior quantidade de variações, principalmente quanto a sua forma gráfica. A pesquisadora Renata Meirelles catalogou 130 maneiras de brincar em todos os continentes. Na versão clássica do jogo, entre nós brasileiros, são sete retângulos desenhados no chão. A forma gráfica usada em Natal se aproxima muito dessa versão clássica.



Gráfico da Cademia usada em Natal pela minha geração


O gráfico usado em Natal, é desenhado no chão e suas partes são assim denominadas:
                                               
  • Retângulos 1 - 2 - 3 : Quadros
  • Retângulos 4 e 5: Asas
  • Retângulo 6: Pescoço
  • Círculo: Lua ( Céu )

COMO JOGAR

                                          Ivan Cruz / RJ



O jogo da Cademia tem diferentes etapas, e a medida em que se vai jogando essas etapas vão se complexificando. Para o  pesquisador e escritor  Veríssimo de Melo, as crianças natalenses jogavam do seguinte modo: 

     Primeira Etapa 
                        
  1. O escolhido que vai começar o jogo lança uma pedra ou caco de telha no primeiro quadro. Então com um pé só, pula o quadro onde lançou a pedra, pisa no segundo e no terceiro quadro. Chegando nas Asas, põe um pé na primeira e o outro na segunda. No Pescoço pisa com um pé só e, chegando na Lua, descansa com os dois pés.
  2. Volta do mesmo jeito. Quando chegar no segundo quadro, apanha a pedra que está no primeiro, com uma mão só, e pula-o. E assim vai fazendo de quadro em quadro, nas asas, pescoço e lua.
  3. Errando o pulo, pisando na linha ou, se a pedra ao ser lançada cair sobre uma das linhas do desenho, perde quem assim proceder e outro menino recomeça o jogo.                  
                                               
                          Segunda Etapa


Percorrendo todo desenho, recomeça-se o jogo, só que dessa vez, em lugar de se lançar a pedra nos quadros, usa-se novo processo: o menino deve carregar a pedra em cima do pé. Continua a proibição de colocar os dois pés no mesmo quadro. Se a pedra cair outro recomeça o jogo. Só se descansa na Lua, onde há permissão para ajeitar a pedra.                                        

Terceira Etapa

  • Percorre-se mais uma vez o desenho, porém, já agora coma pedra equilibrada sobre o indicador de uma das mãos. Deve-se pular os quadros sem deixar a pedra cair. Na lua pode-se ajeitá-la.

    Quarta Etapa
                                     
    • Dessa vez põe-se a pedra na testa e sai andando de cabeça para o céu, percorrendo todo gráfico, sem vê-lo. Quando se acha em dificuldades pode perguntar aos companheiros: Pisei? Na Lua deve tirar a pedra do rosto, olhar o caminho de volta e regressar com a pedra na testa.
      
     Quinta Etapa

    • Fazer Coroas -  De costas para a Academia, a criança joga a pedra por cima da cabeça. No quadro em que cair, faz coroa; isto é num sinal de que somente aquela criança pode pisar naquele quadro. Pode jogar a pedra três vezes, até acertar. Feita a coroa, as crianças enfeitam com desenhos ou a primeira letra do nome. E então se recomeça o jogo, sem pisar nas coroas, a não ser a criança que fez. Vence o jogo quem fizer o maior número de coroas.  
                                (Extraído do Livro Folclore Infantil - De Veríssimo de Melo)




    JOGO DA AMARELINHA - CANTADA POR NAZARÉ PEREIRA


          




    Fontes:

    • Folclore Infantil - Veríssimo de Melo - Edição Itatiaia/BH-1985
    • Dicionário do Folclore Brasileiro - Luís da Câmara Cascudo -Ediouro/SP
    • Pesquisas Google- Site Folha.com/mapadobrincar 



    Fotos:

    • Imagens Google
    • Acervo do Artista Plástico Ivan Cruz / RJ
    • Edição das fotos: Programa Pic-Nic-Yahoo/BR



    Vídeo:

    • Enviado ao You Tube por Guy Perron em 28/11/2012










    7 comentários:

    1. Marilda Nascimento
      Se eu visse uma agora, mesmo com o joelho prejudicado eu pulava kkkkk meu Deus , como pulei cademia .....

      ResponderExcluir
    2. Fico muito feliz quando vejo na net estudos iguais a este!
      Parabéns pela pesquisa apurada!
      Não nos esqueçamos : A criança que não brinca não é feliz, ao adulto que quando criança não brincou, falta-lhe um pedaço no coração!
      Ivan Cruz
      www.projetobrincadeirasdecrianca.blogspot.com

      ResponderExcluir
      Respostas
      1. Receber um comentário desse é muito lisonjeador. É uma grande honre! Foi um grande presente que recebi no dia em que "vento Nordeste" completou 1 ano de existência. Muito obrigada Ivan.Tenho o maior respeito pelo seu trabalho e sempre lhe considerei um dos maiores artistas plásticos desse país.

        Excluir
    3. Que saudades! Adorava pular cademia!

      Jane Steinberger - Natal/RN

      ResponderExcluir
    4. Solange Oliveira
      Ainda bem que eu tive uma bela infãncia. Bjsssssssssssssssss
      há 2 horas no Facebook

      ResponderExcluir
    5. Maravilha de pesquisa ajudou-me muitos...na minha pesquisa.
      Conhecimento nunca e demais.
      Beijos😍

      ResponderExcluir