FOTO DE CAPA

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Barra de Punaú - por Arilza Soares

quinta-feira, 21 de julho de 2011

CORDEL QUE ENCANTA E OS ENCANTOS DA LITERATURA DE CORDEL

                        Da abertura da novela "Cordel Encantado


Novamente a novela "Cordel Encantado" me remete ao passado, dessa vez para casa da minha avó materna, refúgio escolhido por mim para ler "folhetos" nome como eram conhecido os livrinhos de cordel. Gostava das histórias e da forma como eram narradas ,mas lia escondido do meu pai,  que devia ter seus motivos para me proibir de ler esse tipo de literatura. Na casa da minha avó eu me fartava de ler! Quantas vezes deixei de ir à praia ( que ficava muito próxima-era só descer a duna que hoje é a ladeira do sol ) para  me deliciar com as histórias de princesas, reis ,diabos, valentões, beatos ou de sagas, como as de Lampião e Maria bonita, Padim Cícero, Antônio Conselheiro, etc...

                                                      

                                       Literatura de cordel



Poesia popular impressa em folheto, escrito em forma rimada, exposta à venda pendurado em corda.Teve origem Portugal, que tinha por tradição pendurar folhetos em barbantes. No Nordeste, o  barbante foi substituído pela corda. A maioria dos poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola.
Segundo Luís da Câmara Cascudo, os folhetos foram introduzidos no Brasil pelo cantador Silvino Pirauá de Lima e depois pela dupla Leandro Gomes de Barros e Francisco das Chagas Batista. No início da publicação da literatura de cordel no País, muitos autores de folhetos eram também cantadores, que improvisavam versos, viajando pelas fazendas, vilarejos e cidades pequenas do sertão. Com a criação de imprensas particulares em casas e barracas de poetas, mudou o sistema de divulgação. 

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TEMAS DE CORDEL

1. ROMANCES

Histórias de amor não-correspondido, virtudes ou sacrifícios, Como "Os sofrimentos de Eliza" ou "Os prantos de uma esposa" e "O mal em paga de bem.
                                                     
                                   
                                      2. FICÇÃO E MAGIA
                                                         


História que falam de príncipes, fadas, dragões e reinos encantados. Os mais famosos são " Pavão Misterioso" e "A princesa que não torna".
                                                              
                                 
                                     3. RELIGIÃO E CANGAÇO



Apresentam o imaginário nordestino ligado a figuras como "Lampião", "Antônio Silvino", "Padre Cícero", "Antônio Conselheiro" e"Frei Damião".  
                                 
                                    
                                     4. NOTICIOSOS



Falam dos últimos acontecimentos sejam locais,regionais ou"nacionais."A morte de Getúlio Vargas", as Enchentes no Brasil!, e a "A criação de Brasília" marcaram época.   

                                
                                    5.HISTÓRIAS DE VALENTIA 



Histórias de valentia: apresentam personagens lendários na região, como "O Sertanejo Antônio Cobra Choca" e "OValente Sebastião"                                                          
                                  
                                    6. ANTI HERÓIS     



Falam de nordestinos que vencem mais pela esperteza do que pela força - "João Grilo e Pedro Malazartes" foram imortalizados pelo cordel.                                                                                               
                              
                                  
                                   7.HUMORÍSTICOS



São os mais populares. Contam fatos como "A dor de Barriga de um noivo" e "A mulher que trocou o marido por uma tv  a 
cores.    
                                
                                  8. MORALISTAS



Deixam um exemplo, uma moral a ser seguida: "A  Moça Que Bateu na Mãe e Virou Cachorra" e "A Mãe Que Xingou a Filha no Ventre e Ela Nasceu com Rabo e Chifre."     
                                
                                  
                                  9.DESAFIOS E PELEJAS



Relatos de cantorias entre dois grandes violeiros. Os textos são frutos da imaginação do cordelista, como "A Peleja de João de Athayde com Raimundo Pelado"   
                                                                                  
                                 
                                  10. POLÍTICOS



Trata de bibliografias de políticos ( muitas vezes  sob encomenda) temas educativos ou de esclarecimento público, usados em campanhas de governos e prefeituras.






Algumas Obras Consagradas da Literatura de Cordel

  • Cabocla Encalhada - Mestre Azulão
  • A Peleja de Cego Aderaldo e Zé Pretinho - Firmino do Amaral
  • A Chegada de Lampião no Inferno - José Pacheco da Rocha.
  • A vida de Padre Cícero - Manoel Monteiro
  • Coco Verde e Melancia - José Campelo
  • Iracema - Alfredo Pessoa Lima
  • O soldado jogador - Leandro Gomes de Barro
  • Os Cabra de Lampião - Manoel D"Almeida Filho
  • Romeu e Julieta - João Martins Athayde
  • Cante lá que eu canto cá - Patativa do Assaré



UM CORDEL FAMOSO
 O Pavão Misterioso



                         
                             
O Romance do Pavão Misterioso  conta a  história de um rico herdeiro turco, que se apaixona pela fotografia de uma linda donzela que lhe foi presenteada pelo seu irmão, e viaja anonimamente de seu país até a distante Grécia pra conseguir a mão dela em casamento e salvá-la de seu pai, um conde descrito como “valente” e “orgulhoso” que a mantém encarcerada em um sobrado.
Existe uma grande polêmica a respeito de quem seria sua autoria, pois diversas releituras desse texto foram feitas  por vários autores em diferentes épocas. Os nomes mais apontados como autores são João Melchíades Ferreira da Silva e José Camelo de Melo Resende, ambos poetas paraibanos. De acordo com Aléxia Carvalho Brasil, há ainda quem afirme que o romance é de autor desconhecido.          


                                                                                                              

O Romance do Pavão Misterioso passou a ser  conhecido graças as muitas adaptações feitas para teatro. O cordel foi transformado também em revista em quadrinhos,por Sérgio Lima-editora Luzeiro-2010.
Já em 1974, o cantor Ednardo grava "O romance do pavão mysteriozo" de sua autoria,música que fez parte da trilha sonora da novela "Saramandaia" exibida pela TV Globo. 



                              Ednardo-Pavão Mysteriozo/1974




FONTES:


  • Câmara Cascudo - Fragmentos de uma entrevista em que fala sobre Literatura em Cordel
  • Pesquisas Google - Wikipédia
  • Jornal  O Mossoroense - Mossoró/RN
  • Jornal O Diário de Natal ´natal/RN
FOTOS:
  • Imagens Google
  • Edição de Fotos: programa Pic-Nic - Yahoo/BR


VÍDEO:
  • Enviado ao You Tube por ZecaZines em 01/01/2009

"Cordel que encanta" é para a minha avó Dona Maria Soares de quem tenho as melhores recordações: uma mulher tranquila, de voz mansa, compreensiva, amorosa, com quem a gente podia contar sempre. Obrigada Vó pelas oportunidades que me deu, principalmente por me deixar quietinha lendo os livrinhos de cordel. Saudades! Hoje entendo porque gosto tanto de ler e de ouvir  histórias. Tenho certeza que a casa da minha Vó não foi apenas um grande celeiro de literatura de cordel, mas um  lugar onde comecei a me interessar pela cultura popular e a tudo que lhe diz respeito.

3 comentários:

  1. Laysa disse...
    ... "era só descer a duna que hoje é a ladeira do sol". QUE INVEJAAAA! Acho que você viveu a época mais linda de Natal! Posso imaginar o paraíso que era aquela vista linda que tem a ladeira do sol quando era duna... Queria ter vivida aquela época, ou ao menos gostaria de poder natal mais "nua", como era antigamente!
    15 de julho de 2011 18:46

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  2. Literatura de cordel, li e continuo lendo cordel, sempre que vou a Natal compro. Na minha infância ao passar férias no interior, nas terras dos meus tios, (Sucavão, Riacho do Mel, Bom Jesus) eu levava exemplares e os lia a noite, luz de lampião, para meus primos e primas, reunidos na sala.
    Comentário de Eduardo Souza- Rio Branco Acre

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